FRIGIDEZ
Meus olhos serão eternas poças d'água
A entornar no meu rosto amarrotado,
Marcas do tempo grande é a mágoa
De um destino sofrido e mal tratado.
Meus lábios são trêmulos, sem sorriso,
A chamar por alguém que não mais existe,
Encontro no silêncio o porquê de tudo isso:
Amei demais! Tornei-me triste, muito triste!"
É tarde para ser feliz. Também não quero
A vida que sem ele é uma morte lenta, devagar,
sem balbúrdia, sem resmungos, sem lero-lero;
É uma espera que a vela da vida venha apagar.
Desacompanhado está todo o meu pobre ego.
Adormecida está minha alta estima porque
A beleza me deserdou. Meu coração tornou-se cego
Diante o amargor que ficou ao perder você.
Dionéa Fragoso