MACHOFEMININOLOGISTA



Peguei o dia desvirginado lá fora.
Reguei a madrugada.
Amanheceu uma senhora,
Doce amada.

Onde está o pecado,
Rasgado no passado?
Arranquem as trancas!
Nem todas são santas.

Elas gritam pelas frestas
Liberdade e alforria!
Elas vivem dançando pelas festas.
Em um dia só lhes resta fantasia.

Enfim a carta chegou.
Desfrutaram paixões
Sem saber quem deixou
O santo aos empurrões.

O vagabundo sem tino
Aos pés da comandante,
Voz forte contra o destino
Desfeito em um instante.

Sorri, madona dona.
Ainda que veja a vitória,
Dois paus e uma lona,
Não acabou a história.

Coroe a alma de louros,
Dome os ventos lisos,
Dê inseticida aos besouros
E polimento nos pisos.

Deixe tudo com brilhos
E o dia colorido.
Cuide da casa da barra dos trilhos,
Depois fale do amor ferido.

Mas a paixão ilumina a cigana
Em uma aquarela pintada.
Ela a si se engana
E esconde as mazelas de mal amada.

No coração um arco de cores
Em uma candidez exuberante...
Sonhando apaixonados amores
Ama no sonho confiante

De amor, muito louca
Entrega-se lânguida,
E toda insipidez é pouca,
É nada e nunca foi perdida.

A sedução sempre é doce...
Desonra mas acaricia o peito.
Se advertida nunca fosse
Seria sua praia por direito.

Quando a dor lhe sobra, extirpa,
Pisa o que lhe maltrata e angustia...
Ainda é mulher que grita:
Feminista abaixo a apatia!

A odalisca desperta e baila no mundo
E canta para o sultão surdo.
Não mais serva nem escrava,
Que por descaso e opressão secava.

Agora o amor lhe pega.
Não fosse o brinco e o perfume,
Esse desejo doido que lhe cega,
Circo afoito de costume.

Uma excitação na palma da mão,
Um beijo na pele firme,
Abraçando com sofreguidão!
Ela viu tudo isso no filme.

Beijo em tempo de paixão.
Não perdeu a primavera
Nem perdeu o trem na estação...
Na casa de cor branca espera.

Quimeras enchendo a cabeça
Esperando o amor renascer.
Antes que o sol apareça
Esperando o amor crescer.

Isto pode ser a beira do êxtase,
Boca em pé de tensão,
Reboleicho do corpo em frenesi,
Silhueta nua, diapasão.

Ah sim! Espera-lhe a felicidade,
Com todas as pompas do universo,
Com o olho vesgo da cidade
E alguns que apóiam controverso.

Não se preocupe, flor...desabroche
Sua natureza insolente.
Antes que lhe façam fantoche
Seja mulher urgente.

SSABA 12/3/2010

Walter BRios
Enviado por Walter BRios em 13/03/2010
Reeditado em 02/04/2010
Código do texto: T2136968
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