Antídoto
Não importa o tempo
que escorre pelas tuas frestas
teus sulcos e rugas na testa
são cometas no teu firmamento...
se me firo nas tuas arestas
tão cegas, tão finas, imoladas
costuro com fios de seda
refaço minhas mãos esfoladas...
e disfarço vestida na noite
com uma insana transparência
minhas palavras são traças
que corroem a tua ausência...
teus beijos, rastros, presságios
não importa se bebo em taças
da tua sólida boca
sorvo o líquido veneno
e sopro anéis de fumaça...