Contentamento
Ao acordar, na cabeceira, o encontro
Com o velho novo livro ainda aberto
Marcando o caminho percorrido
Desde a noite anterior dormindo comigo.
Abro a janela, o sol penetra em meu olhar
Traz-me o entusiasmo juvenil que preciso e peço
Dos sonhos e do pijama me despeço
Moroso, desço ao terraço.
Lá embaixo, o jornal e o cachorro em seu laço
E, com ele atinjo a verdade que o jornal me faz esquecer
Vou ao banho me aquecer e escolho uma canção a dedo
Percebo um conforto pago, é a sensação da água morna irrompendo meus medos.
Enfim, calço os sapatos e vou ao trabalho...
Lecionar, viajar, fazer amigos e cantar, o que se há de fazer?
Escrever, plantar, publicar e colher provisões
Diletante, dedico-me ao magistério das reflexões, das esperanças
E, aos idealistas e sonhadores famintos
Transmitir o saber, temperanças e emoções que só eu sinto.
*Baseado em: “Prazeres” de Bertold Brecht (1898 - 1956).