Descanso.
E as luzes todas se abriram
como pétalas em riso
na manhã de mãos divinas.
Meu corpo escorreu uma melodia
na noite que sem mais encantos
findou a noção de uma primavera.
Celebrei o sol em sua primeira aparição.
Desejei o suor de cada orvalho,
molhando de mim as outras faces
todas nuas pela noite afora (de minhas fantasias).
Rompi a memória que me prendeu
em um canto de meu cenário
e despi o verso encarnado no carmim
de minhas ausências. Estrelas choradas.
Silenciei os olhos.
O tempo carregou minhas veias
nas páginas de um passado
que bebi arranhando a garganta
para acordar esse poema
que traduz a morte que sonho.
Não venho de onde estive
e muito menos vou para onde quero.
Apenas existo e floreio,
o dia em que hei de ter sorte.