Versos agónicos
Tenho as mãos calejadas pelas águas,
E a voz enregelada pelos fados
Moribundos de Outonos arroxados,
Que fenecem nas vísceras das fráguas!
Tenho guardadas chuvas fesceninas,
E mares rebelados, indigentes...
Na minha alma, os rastos das serpentes,
E no seio murcho, os uivos das retinas.
Tenho o corpo cruciado de mofinos
Olhares e, no ventre morto, um fio
De sangue de um famélico anidiano!
Tenho a agonia dos versos maninos
Nos braços, e no meu leito sombrio,
Um grito escaveirado, inumano!...