— Revelações —
Não sou aquele que apontas
Nunca disse que o era
Foi você quem presumiu
Resumindo-me assim
A um rosto, um rótulo
Um tanto roto, desfocado
E já tão inapropriado
Retrato mal feito
Daquilo que um dia fui
Ilusão é placebo da vida
Doce mentira que ingerimos
No conta a gotas do tempo
Mas ele... Ele nunca mente
O tempo, ardiloso e paciente
Em sua persistência silenciosa
De pinhole
Vai lentamente
Revelando-nos
Estenopeicos
Fotolitos vivos
Cujo final resulta em
Espanto - Temo não mais
Reconhecer-me ao espelho
Reflito - O destino daquele eu
Das antigas fotografias
Lamento - Que as de hoje
Já não façam mais as mesmas
Revelações