Sinfonia para Argel

1ª. Estação

Sete estações para uma sinfonia e nada mais tenho a falar.

Todavia - de longe em longe surge uma

fagulha dentro da paisagem:

- Poesia é tudo que arde. Que grita o ser!...

Não-ser? Desconsola-me. A criatura - antes-viver.

Ante esta imensidão de viver!

2ª. Estação

Intercorrência de existir. Febril. Fender.

Findo ébrio no meio da tarde. Porque

não há noite sem inquietude. A vida? A tua (vida) febra.

Fendeste a minha e persistes em meu corpo: lâmina

na minha pele... Vibro (um ponto de luz) incendiando

tua sombra.

3ª. Estação

Em “Lição de Abismo” – quem pratica a guerra

sente o quê? Quem haverá de visitar o fundo do poço?

Descarnar a substância que ama! Com que pupila

acesa - Soberbo Coração!

4ª. Estação

O tempo! Vi nossas faces. Vincavam-se. Estrias.

Estradas. A máscara negando-se a fendas. De resto –

a casa cai. Mas a casa do ser é “juvenília”. Ou refúgio de

senilidade? Onde fui - eu perdido - dentro do instante...

Dentro da face de um velho espelho (fatigado):

- O tempo? Me viu de máscara. Eu nego-me

ao tempos do Tempo.

5ª. Estação

Pulsar - é como a palavra eco - a voz - reedobra o fato

da fuga. Enredado – aquilo que não vivi invento.

Até o verso encontrar o vento. Então

– estendo os braços e danço com a lua... Revelo

a mim branca-flor no enredo onde amar segreda

(desejos) pontilhados à medos.

6ª. Estação

Entrementes e um par de asas (muito eu quis)

ser o(a) predileto(a) entre as criaturas dessa ilha.

Mas agiam com desdém (em Xangri-lá). Interesseiros.

Mercantil – não estimavam... "Mas pingos

de chuva apagaram suas vidas".

Amália com fervor alia-se a lua... Amaro atento a si

- roça a pele de um rio. Esses dois num labirinto (enamorados)

esqueça-os. O romance? - Não adere um Paraíso.

7ª. (última estação).

Ruiu. Cairam em si...Desfizeram-se - diante de nós.

Um abismo. Agora impera (latifúndio do silêncio):

- Vejam - um botão iluminado de sombras!...

- Sou eu! Somos nós a afrontar (com cantigas de ninar) o botão do desespero:

- Dorme boi de meu pasto... Dorme!

Eu ambém quero dormir...

Em teu sossego.