Eu e os "comigos de mim"
Eu e os comigos de mim
Ouvir a mim mesma é bom para minh’alma
Porque com ela e nela me encontro
Depois de tanto e tonto devaneio sobre a vida que levo
Que me leva e que, por vezes, me enerva.
Sinto as torrentes de angústia
que assolam meu solo fértil e úmido,
celeiro da criação humana ética e estética
mas, que a hipocrisia da sociedade tenta ferir
e me faz sentir um nada, uma tapada, inútil, infértil.
Levanto cedo, me entrego à rotina
Como ave de rapina a percorrer veloz os nós das avenidas largas, longas, songa-mongas como o eixo-monumental.
Monumental como o sal, o mal, o toque do meu amor.
Calor (...), deixa pra lá...
Volto à rotina, corrida, sofrida...
Levo as crianças para escola, corro, estou novamente no eixo
Perco o rumo, sumo, retorno à mim mesma,
Contorno a tesourinha, que corta, recorta e
as vezes, entorta minha vida.
Sigo para o trabalho, sem atalho
Distante, constante, ora marido, ora amante.
Dou aula. Uma atrás da outra, como prostituta intelectual.
Ual!! Que me ouçam os educadores de salto alto,
de terno e gravata que tudo registram em ata,
menos as escusas bravatas
que fazem da educação um lugar de reprodução, de engano,
um algo sem sentido louvável,
senão aquele destinado ao ensejo insustentável
que cria humanos acríticos
para alicerçar esse mundo sifilítico
que reza o credo e cospe no irmão.
Retorno, busco as crianças na escola. Que escola?
Não me enrola consciência inconveniente!
Adormeça em mim, sem mim...
Me esqueça!
É muito difícil viver em estado de consciência permanente.
Sempre alerta, esperta, atenta. Ai!!!!!
Tô cansada!
Quero ser sapo. Estou decidida.
Um sapo, um nada, um rabo de rato.
Não pensar, não ser, não estar...
(...) (...)
Ah! Vida confusa! Vida que me usa!
Impossível me sentir sapo. Verde, inchado, parado.
Não!
Volta pra mim, consciência amiga.
Me ocupa, me usurpa, supra de sentido a minha intranqüila existência.