II - Confissões de Lúcio
II. (versão para performance).
É das verdades!
Tudo na vida faz dor desde os ossos. Atingido o coração
os ardidos na pele - eu não sei explicar.
De resto e por princípio - me instalei nesta esquina.
Onde o vento venta cócegas no pensar.
Precisam ver as suas caras, de espanto?
É das verdades: sou medroso. Ludro...
- Cheio das perplexidades... Um órfão encardido.
Sem sintonia com as grandezas do mundo
Buscando música no desamparo.
Ainda ontem ou foi agorinha..., (não vem o caso).
Um senhor desses afinados na elegância me insultou.
Mas entre os tantos e os mais de uns desatinos
De certo é que afino com o incerto - lúdico
Dentro da vida sou teatino.
E do esplendor desse mundo - tenho cócegas.
Um amor de desgarrado por tudo isso que aí está.
- Se sou as crianças de habitar em mim?
São de ser e sede justinhos assim como eu e de mais...
A mais me sobrevivo - essas criaturinhas.
O gênero indefinido em tudo que eu posso ser.
Também já me perguntaram:
- Tens saudade de alguém especial?
- Algum arrependimento?
- Os meus crimes? Os meus crimes...
Foram todos baseados na mais pura inocência.
Sinto tanto! Mas tanto pelos que ainda não cometi.
E desta coisa de lucidez - sou totalmente intransigente.
Os meus delírios não reconhecem portas... Janelas.
Os meus muros já foram como os de Berlim.
Mas ainda ontem... Ontem!
Do que me restava de sombras?
Piquei em mil pedaços
E fiz adubo para o meu jardim.