Madrugada
È no aflorar da madrugada
Quando os galos se preparam
E as formigas fazem turnos
Quando as luzes se apagam
Que surge o poema seco
Sem saber do seu trajeto
Sem ousar calar as letras
que transformam o objeto
E é aí, enquanto dormem,
Os senhores da herança
Que se fazem os coronéis
E se acabam as crianças
Madrugada fria, escura
Que o poema é delinquente
E sofre, mata, vive, chora
O amanhecer da gente.