Quando eu não sabia ler

Quando eu não sabia ler

Era criança ainda

Brincava de escrever

Na escola da vida

Não tinha lápis ou caneta

Caderno ou papel

Livro ou caderneta

Nem tinta ou pincel

Minha farda era roupa surrada

Meus tênis eram pés descalços

Minha mochila era sacola rasgada

Meus professores eram todos os percalços

Quando eu não sabia ler nada

Minhas idéias eram limitadas

Ficava no mundo alienada

Com as lâmpadas do cérebro apagadas

A leitura foi como uma luz engolindo a escuridão

Do meu pequenino quarto fechado e restrito

Abriram-se as janelas das letras e a emoção

Trouxe à tona o que eu tinha de mais bonito

As poesias que hoje eu consigo desenhar

Traduzem os sentimentos de minha alma calada

Através delas eu sou capaz de expressar

O que não consigo na linguagem falada