tenho medo dos sonhos
tenho medo dos sonhos
que invadem meu sono
que falam de perdas
despedidas
abandonos
sonhos que se repetem
onde sempre aparecem
muros
ruas sem saida
becos escuros
caminhos sem fim
tenho medo de sonhos assim
que eu acordo
suado
exausto
estranho
tenho medo de sonhos ruins
que eu perco o controle
dos espacos
dos tamanhos
das distancias
das alturas
tenho medo dos sonhos
em que aparecem
vultos
criaturas
cenas paradas
naturezas mortas
tenho medo dos sonhos
que são cheios de portas
janelas
escadas
cavernas
abismos
encruzilhadas
tenho medo dos sonhos
com barcos
que me tiram do quarto
que me fazem navegar
mar adentro
sem rumo
sem amarras
sem vento
sem cais
tenho medo dos sonhos
sem paz
acalentados
daqueles que vão e voltam
como os amores complicados
que abandonam
mas não soltam
sonhos que me custam amanhecer
tenho medo dos sonhos
que me trazem voce