Fênix
Deixei de ser metade. Sou agora
inteiramente nova, nova era.
Recriada, renovada. Sou completa
ao sol de intermináveis primaveras.
Estrela sou no coração da noite,
âncora nova que retém o dia.
Sedenta de palavras e de versos.
Deixei de ser a dor: sou só poesia.
O casulo rompeu-se. Abri a asa
teci meu sonho em superfície rasa,
não há estrias em meu coração.
Fênix sou, inaugurando a sorte,
colhendo a lua e rompendo a morte
por sobre um campo onde choveu perdão.
Marilia Abduani