Queimar

Este sol que queima o meu rosto,

é o mesmo que esturrica esta terra

que desolada precisa florescer.

São os versos de um cego poeta louco

que escreve sem cessar!

É um povo sem consolo;

que caminha sem parar.

O infinito é seu constante,

seu sofrimento incessante,

tendo o suor do rosto como chuva

que escorre para tragar;

São as rimas de um poeta louco

que inspira este queimar.

Este sol que queima o meu rosto,

é o mesmo que seca os rios

que vão quedando agonizantes

quase secos,sem fauna e flora

e sem horizontes!

São os sons fracos de uma viola,

com cordas esfarrapadas

feridas pelos dedos magros

de um cego cantor louco!

A sua música é infinita

sua prece,menos maldita

sua voz mais compassiva.

É a música de um cego cantor louco

que inspira este queimar!

Este sol que queima as folhagens,

é o mesmo que desola as paisagens

quando chega o amanhecer.

São as preces de uma pobre mulher,

arrodeada de crianças esfomeadas

que gritam sem parar

com uma fome de louco!

A criança da barriga

será o homem a profetizar

sobre a sina louca e incessante,

infinita sina deste lugar!

São as palavras de um profeta louco

que inspira este queimar!

Este sol que queima o meu rosto

é o sol vivo do meu meu cantar.

É a prece do profeta

que inspira o meu caminhar!

Caminhada muito incessante

o meu sofrer é inconstante,

minha poesia infinita,

minha prece menos maldita,

minha composição menos erudita

que inspira este queimar!

Jota Kameral
Enviado por Jota Kameral em 05/03/2010
Código do texto: T2121693
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