Queimar
Este sol que queima o meu rosto,
é o mesmo que esturrica esta terra
que desolada precisa florescer.
São os versos de um cego poeta louco
que escreve sem cessar!
É um povo sem consolo;
que caminha sem parar.
O infinito é seu constante,
seu sofrimento incessante,
tendo o suor do rosto como chuva
que escorre para tragar;
São as rimas de um poeta louco
que inspira este queimar.
Este sol que queima o meu rosto,
é o mesmo que seca os rios
que vão quedando agonizantes
quase secos,sem fauna e flora
e sem horizontes!
São os sons fracos de uma viola,
com cordas esfarrapadas
feridas pelos dedos magros
de um cego cantor louco!
A sua música é infinita
sua prece,menos maldita
sua voz mais compassiva.
É a música de um cego cantor louco
que inspira este queimar!
Este sol que queima as folhagens,
é o mesmo que desola as paisagens
quando chega o amanhecer.
São as preces de uma pobre mulher,
arrodeada de crianças esfomeadas
que gritam sem parar
com uma fome de louco!
A criança da barriga
será o homem a profetizar
sobre a sina louca e incessante,
infinita sina deste lugar!
São as palavras de um profeta louco
que inspira este queimar!
Este sol que queima o meu rosto
é o sol vivo do meu meu cantar.
É a prece do profeta
que inspira o meu caminhar!
Caminhada muito incessante
o meu sofrer é inconstante,
minha poesia infinita,
minha prece menos maldita,
minha composição menos erudita
que inspira este queimar!