Sibilação
O 's' do sino
É seguido de sono
A soar solitário.
O 's', senhor,
Tem som
Sedutor
O 's' da sala
Ao sentar no assoalho
Sedento ele serve
Soltando-lhe os saltos.
É o 's' do servo
Do Senhor do sobrado
Sabedoria tem o 's'
Da Senhora em si,
Sua suave saudade
A sorrir solidão.
Só soletra o solúvel
Saber Salomão
O 's' do sábado
Se despede da sexta
Suspirando sossego.
E assim diz o sabá,
Só o descanso sagrado
No sétimo sono se dá
Serpenteia-se o 's'
silhuetando a sereia,
Sob um silvo sonífero
Da sibilante cigarra,
Se é sandice não sabe
Se souber não se salva
Veja o 's' do sol
Que se acende no céu,
Em seguida sombreia...
Universal e singular,
Se lhe sigo me cega
Em sua seda estelar
Já o 's' em si
Se se dobra sai 'ç'.
Isso em pássaro se passa.
Só Saussure(*) a solver
Esses ossos do ofício,
Se ésses não fossem.
(*) Ferdinand de Saussure - o pai da Linguística Moderna.
Vera Verá