tua boca me diz não
a deriva na vida
meu intrépido navio
procura um porto
nesse mar bravio
do teu corpo
quieto
quase morto
no conforto do cio
minhas mãos
incendiárias
em viagens imaginárias
reacendem os teus pavios
fomentam tuas brasas
acalentadas
latentes
guardadas a fio
mas tua boca me diz não
percorro paciente
teus sublimes
tuas vertentes
teus mangues
teus vãos
minhas unhas carentes
te riscam as costas
de vermelho-sangue
teus gemidos
e gritos impunes
agora são meus
desesperada
minha boca caça a tua
ultrapassa fronteiras
te aprisiona inteira
nua
como se fosse em correntes
numa grua
mas por costume
tua boca me diz não
e o meu amor coerente
que é
disfarça
se aquieta
se acomoda
e dorme são
jundo ao teu corpo inerte
de mulher