tua boca me diz não

a deriva na vida

meu intrépido navio

procura um porto

nesse mar bravio

do teu corpo

quieto

quase morto

no conforto do cio

minhas mãos

incendiárias

em viagens imaginárias

reacendem os teus pavios

fomentam tuas brasas

acalentadas

latentes

guardadas a fio

mas tua boca me diz não

percorro paciente

teus sublimes

tuas vertentes

teus mangues

teus vãos

minhas unhas carentes

te riscam as costas

de vermelho-sangue

teus gemidos

e gritos impunes

agora são meus

desesperada

minha boca caça a tua

ultrapassa fronteiras

te aprisiona inteira

nua

como se fosse em correntes

numa grua

mas por costume

tua boca me diz não

e o meu amor coerente

que é

disfarça

se aquieta

se acomoda

e dorme são

jundo ao teu corpo inerte

de mulher

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 04/03/2010
Reeditado em 05/03/2010
Código do texto: T2119936