Poeta da Chuva
Faces distorcidas, pensamentos tão perturbados
... É assim hoje em dia, é assim toda as noites
Eu deito no chão desse caminho obscurecido
Eu ouço passos, mas de pés irreais, sombras de um triste acaso
Perdido, sempre perdido
Homem-menino, poeta dos dias de chuva
Observando as gotas de vida, lágrimas do céu
Onde está você, pra onde foi nesses dias tortuosos?
Eu grito! Me despedaço, esperando aquela mão redentora
Mas há apenas o vento soprando música cortante
Arcanjos de um céu proibido, deuses idiotas
Esses versos catatônicos, perseverantes seres das trevas
Mas lá fora ela corre! Anda livre e sem medo!
A minha alma sussurrava enquanto ainda era dia
E o abraço? E o simples consolo? E a alma que morre?
Ela dançava sob o gelo, presa no centro das estúpidas crenças
Chore! Vamos criança, chore!
Deixe Deus te ver lá de cima, célula do universo
Deixado nas linhas da história
Vagando com ouro entre os olhos, com o negro sabor
Conservado ainda humano pra lamentar o divino
Pobre fruto da beleza, simples marca da eternidade
Siga! O caminho ainda é abstrato, real só a dor
Mas sonhe, cada dia mais, cada dia mais morto!
Morto pra indiferença, pra ignorância
Essa é sua terra, não deixe que profanem seu solo!