Razão
E ele fez dos fatos fatos, para resistir aos impulsos,
e fez dos fatos feitos fatos coração,
para aguentar partir sem pranto.
E mandou calar o fastio da saudade,
que uivava para a lua que não mudava.
E pôs suas luvas sobre a estrada,
e pôs a mesa sob a lua.
E jantou em andança,
com a mesa sobre as luvas,
caminhando e comendo e seguindo e dançando.
E andou rumo ao sol,
o sol dos sem rumo.
Andando só para evitar a estase,
num êxtase de ócio negro e doentio.
A estrada era negra como a noite
e clara como o dia
e laranja como o entardecer
e toda vermelha com o cansaço.