Matizes da Dor

Bem, dizem por aí, dizem

Que feridas de amor deixam fortes cicatrizes cor-de-rosa

E desilusões amorosas deixam lembranças de matizes dúbios

De dor tanto cinza quanto vermelho vivo

E lágrimas ajudam a limpar a ferida aberta

Mas a dor, não a tira, nem lhe retira a cor

Furta a cor dos olhos que choraram a mesma lágrima

E deixa vagar o transeunte das horas vadias

Ocupadas com a lembrança do que pede ser esquecido

Cansado, coça sem olhar a cicatriz adormecida

E, enganado, acaricia e contamina a ferida

E, vivo, lembra com carinho de toda a emoção

Ferida, que muda de cor e procura a carne viva

E cansado de vaguear, o andarilho se torna camaleão

E se o olham por caleidoscópio de muitos matizes

Eis que em algum brilho novo, cheio de marcas no rosto ressuscita

Mas, bem, não sei, é só o que dizem...