Paciência
Tem gente procurando estrelas
espalhadas pelo céu, desordenadas.
Tem gente procurando flores
nos jardins de um sol de julho em orvalhadas.
Tem gente procurando sonhos
na luz que tudo sabe e não diz nada.
Procurando diamantes reluzentes
sinfonia de luz e transparência.
Procurando o labirintos dos amores.
As plumas prateadas da inocência.
Tem gente procurando sonhos
e vão multiplicando a paciência.
Buscando a pureza devastada
do humano coração medra averdade.
E seguem como ovelhas desgarradas
a um passo da materna eternidade.
Tem gente procurando sonhos
além das emboscadas da saudade.
Tem gente procurando vida
no amor onde a morte é quase nada.
E se entregam devagar, rio nos olhos,
conspirando, artavessando encruzilhadas.
Tem gente procurando sonhos
no tempo, irmão do amor, única estrada.
Tem gente procurando abraços
quando perdem a voz no sofrimento
que rói, escalavra, desencanta.
É o frio que provém das mãos do vento.
Tem gente procurando sonhos
no simples pulsar do pensamento.
Procurando a primavera primitiva
onde arde a luz do amor que a tudo ativa,
nos acordes tresnoitados da paixão.
Tem gente procurando amor,
essa força natural que reativa,
dando o leite do sonho ao coração.
Marilia Abduani