Pesque o dia.

Eu vim pescar um sonho nas águas calmas

que à noite traz e que segredos oculta

por detrás de borbulhas que se faz no toque

que beija as silenciosas algas, misteriosas,

ditas cabelos de damas para pescadores,

traições e novelos de falas vazias

que cantam as aves noturnas

em seus soturnos piados velados pelo fim

_aberto em armadilhas aos desavisados_

A rede que lanço não foi tecida com nylon

é mais antiga que a rede em que me deito

e enreda apenas o bom de tudo que vejo

nos erros com que medem os peixes

os pesqueiros da solidão na tenda do ódio.

E se alguns se alimentam da discórdia

minha boca abre um mar

para sorver inutilidades e silenciá-las.

O peixe que nada faz pirueta, dança,

morre na terra e a ela retorna: Boca.

Vai pescador, coloque o arpão no peito da fera,

a besta que acompanha a ignóbil mácula

de um grito que em vento espalha a maldição

de seu próprio destino de agitador nocivo.

As águas quando se revoltam cantam

e a 'imaginação' de um poeta,

pesca da vida os delírios que o desatento

urra sorrindo pelo caminho que desconhece.

O vazio está cheio de silêncio

cheira a vida e misericórdia

nos olhos das tempestades de estrelas

no lago da pronfundidade. Ouça!

Nada é somente água parada.

Eliane Alcântara
Enviado por Eliane Alcântara em 31/05/2005
Código do texto: T21156