Pesque o dia.
Eu vim pescar um sonho nas águas calmas
que à noite traz e que segredos oculta
por detrás de borbulhas que se faz no toque
que beija as silenciosas algas, misteriosas,
ditas cabelos de damas para pescadores,
traições e novelos de falas vazias
que cantam as aves noturnas
em seus soturnos piados velados pelo fim
_aberto em armadilhas aos desavisados_
A rede que lanço não foi tecida com nylon
é mais antiga que a rede em que me deito
e enreda apenas o bom de tudo que vejo
nos erros com que medem os peixes
os pesqueiros da solidão na tenda do ódio.
E se alguns se alimentam da discórdia
minha boca abre um mar
para sorver inutilidades e silenciá-las.
O peixe que nada faz pirueta, dança,
morre na terra e a ela retorna: Boca.
Vai pescador, coloque o arpão no peito da fera,
a besta que acompanha a ignóbil mácula
de um grito que em vento espalha a maldição
de seu próprio destino de agitador nocivo.
As águas quando se revoltam cantam
e a 'imaginação' de um poeta,
pesca da vida os delírios que o desatento
urra sorrindo pelo caminho que desconhece.
O vazio está cheio de silêncio
cheira a vida e misericórdia
nos olhos das tempestades de estrelas
no lago da pronfundidade. Ouça!
Nada é somente água parada.