É TEMPO DE AMAR

No calçadão densamente povoado

as pessoas correm pressurosas,

atrás de seus relógios ensandecidos, velozes

como se o intumescido formigueiro humano

de súbito,

fosse pisoteado

num impactante contraste

eis a bolinha de sabão,

feito jóia irisada, centelha de colibri

faz seu pequeno périplo suave, ascendente

sublevando como que sob o som,

de violinos enternecidos

lá embaixo,

o olhar encantado da garotinha

com o dedinho de nácar indicando

que a vida, sim

é feita de pausas longas

quais cilindros de oxigênio

e muitas vezes carece

desta doçura que a poucos fascina

da ternura que não pede rima

nesta alva candidez de criança

em seu deleite pueril

mas com a frágil resistência

nos seus bracinhos de begônia

é puxada com força pela mãe

para o sumidouro

indiferente & arfante

das gentes

pensei em como a vida é efêmera

quanta fragilidade, fugacidade

e aquela tenacidade das coisas

e dos desejos

de repente se dissolve,

tão evanescente,

inapelavelmente

quanto a pequena viagem vital

de brilho e cores que se apagam

feito bolinha de sabão

pluft ploc!

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Davi Cartes Alves
Enviado por Davi Cartes Alves em 01/03/2010
Reeditado em 03/03/2010
Código do texto: T2113845
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