TELA DE PORTINARI
DOS SILÊNCIOS
A quem se importava, dizia em cílios baixos, sem muito abrir e fechar:
"Me ame, apenas.
Entender é punhal cortante
que fantasias enterram
a cada falar.
Me ame -
e já será o bastante
para que me tenha em colo de gozo
hoje e sempre,
como se o amor que a gente sente
fosse luz que somente uma vez se acende
para nunca mais se apagar."
A quem não se importava
nada dizia.
Quiçá algumas olheiras escuras
na insônia que se repetia
em travesseiros molhados,
vendo a noite passar.
Pois o que haveria a se falar?
DOS SILÊNCIOS
A quem se importava, dizia em cílios baixos, sem muito abrir e fechar:
"Me ame, apenas.
Entender é punhal cortante
que fantasias enterram
a cada falar.
Me ame -
e já será o bastante
para que me tenha em colo de gozo
hoje e sempre,
como se o amor que a gente sente
fosse luz que somente uma vez se acende
para nunca mais se apagar."
A quem não se importava
nada dizia.
Quiçá algumas olheiras escuras
na insônia que se repetia
em travesseiros molhados,
vendo a noite passar.
Pois o que haveria a se falar?