TELA DE PORTINARI
DOS SILÊNCIOS


A quem se importava, dizia em cílios baixos, sem muito abrir e fechar:

"Me ame, apenas.
 Entender é punhal cortante 
 que fantasias enterram 
 a cada falar.

 Me ame -
 e já será o bastante
 para que me tenha em colo de gozo 
 hoje e sempre,
 como se o amor que a gente sente
 fosse luz que somente uma vez se acende 
 para nunca mais se apagar."

 A quem não se importava
 nada dizia.
 Quiçá algumas olheiras escuras
 na insônia que se repetia
 em travesseiros molhados,
 vendo a noite passar.
 
Pois o que haveria  a se falar?

 
Miriam Dutra
Enviado por Miriam Dutra em 28/02/2010
Reeditado em 30/07/2016
Código do texto: T2112926
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