SOLIDÃO

Os passos que ouço eu sei que não são teus

E este assovio lento não é teu, também sei;

Mas esta lágrima são dos olhos meus

E o retrato teu, ainda úmido, são beijos que dei.

Andas tão longe, pareces fugir do nosso compromisso.

O anel que me deste naquela noite inesquecível,

Deixou-me escrava e no peito um coração submisso

A pulsar por ti , mesmo pensando agora o impossível

De ver teu vulto a chegar nas sombras da parede,

Que separa meu quarto desta rua morta e apagada.

Ah! É como se toda de mim fosse jogada sobre a rede

Da varanda dos fundos, magoada e renegada...

Saudade de teus braços fortes me apertando ao peito,

Soletrando meu nome letra por letra ao meu ouvido.

Ah, amor, que entreguei com gosto, com jeito!

Por que me deixaste na solidão de teu olvido?

Dionea Fragoso
Enviado por Dionea Fragoso em 28/02/2010
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