REVISÃO

Além da lembrança, nos tempos antigos,
A Terra e a Lua girando no espaço,
As águas ferventes, o ar inda escasso,
Momentos repletos de tantos perigos...
No ovo dos mundos, estranhos umbigos
Gestavam as formas, ainda sem lar.
O ventre da Mãe concebia, sem par,
Futuras belezas, nas formas mais várias,
Enquanto no globo, em levas, os párias
Marcavam galope na beira do mar.

Depois, o intervalo de calma aparente;
Ajustes, encaixes surgiram, sem pressa,
E foi olvidada essa fúria pregressa.
Aos poucos a vida mudou o ambiente
E soube fazê-lo de forma eficiente;
Criou condições pra poder respirar,
Ganhou as lonjuras, sonhou viajar...
Assim espalhou as sementes dos povos
Antigos, seguidos também pelos novos,
Migrando, em galope, da beira do mar.

A curta memória criou a ilusão
De certo conforto e, mesmo, de paz;
Chegou o progresso com tudo que traz.
Na forma sem freios, ausente a razão,
Perdeu-se o controle. Problemas, então,
Tomaram de vez a atenção secular;
A terra a tremer e, nas ondas do mar,
Perigos, tsunamis, tragédias e dor.
No mundo presente, essa cena de horror:
Fugir, em galope, da beira do mar.

O homem, pequeno, perante o universo,
Precisa rever os caminhos que trilha,
Deixar de criar sua própria armadilha,
Pois toda medalha contém seu reverso.
Mister, é conter esse estrago disperso
Que altera oceanos e faz duvidar
Do nosso futuro. Preciso é buscar
As formas viáveis ao meio-ambiente.
Dar chance a um futuro que, em festa, apresente,
Feliz, um galope na beira do mar.



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