[Desconstrução]
...vivo de paradoxos,
repito o inédito:
cada um, cada um...
o sujeito com os seus espelhos,
com os seus instrumentos,
[ou desinstrumentos],
desconstrói o que pode,
o que dá conta de,
e decompõe a dor,
trágica e inutilmente...
Analisar é sofrer
pelas repetentes
segundas,
terceiras,
quartas
vezes - quantas mesmo?!;
Se eu fosse um pintor essa seria
a minha língua, lenta, constante:
o beijo na corredeira das gotas
a descer pelo ventre estuante,
e pela vidraça irresponsável,
a lua esfriando a cena,
o palor da sua luz morta...
[Penas do Desterro, 27 de fevereiro de 2010]