Terras de Assaré
Nem toda terra e maldita
Desgraçada ou desdita
Pelas mãos do povo do sertão.
Pois entre a luta e o luto
Muito pouco se recolhe o fruto
Da semente lançada sobre o chão.
Falta água, mas não o suor
E quando tudo parece ser pior,
Eis que a esperança predomina.
Entre um pedido e uma reza
Que todo sertanejo que se preza
Sabe o que a seca lhe destina.
Mas nem tudo é tristeza.
Também se extrai a beleza
Da cultura deste povo e de sua fé.
E são as poesias mais bonitas
Maravilhosamente escritas
Pelas mãos de Patativa do Assaré.
" Seu dotô me dê licença
Prá minha história contá.
Hoje tô na terra estranha
E é bem triste o meu pená.
Lá eu tinha o meu gadinho
Num é bom nem maginá.
Eu tinha cavalo bom
Gostava de campeá
E todo dia aboiava
Na porteira do currá..."
(Vaca Estrela e Boi Fubá - Patativa do Assaré.)