Relicário de Emoções

E ver as imagens do passado

Evanescendo, se perdendo pelos anos.

O sentimento se esvai com o tempo

Junto de toda memória e alegria.

Os laços envelhecem e se rompem.

Os sentimentos mudam e se perdem.

O passado deixa lentamente de existir.

As lágrimas escorrem e os risos desaparecem...

Morremos e renascemos, mudamos.

Perdemo-nos no presente e seguimos

Vendados ao futuro.

Sem medos, com nossa bagagem de emoções.

Estamos fadados a perder nossa essência

Para dar lugar a novos caminhos e novas visões.

Fluímos e nos bifurcamos na estrada da existência

Onde cada um se perde e se encontra, sem olhar para trás.

Tudo que fomos morre.

Tudo que seremos também morrerá.

E nós morreremos, por fim,

Sem saber quem estará ao lado de nosso funéreo leito.

Levando para sempre nossas memórias queridas,

Sentimentos guardados em nossos corações.

Momentos gravados em nossos olhos.

Sensações vivas em nossa pele.

E é levado embora nosso grande tesouro,

Nossa preciosidade querida.

Um relicário de emoções.

Somos apenas tesoureiros de nossa vida.

E todos os obstáculos, adversidades.

Todas as ambições e sonhos.

Tudo dito, feito e esquecido

Levado á sete palmos do chão.

A morte de um ser

É como o queimar de um museu.

O perder de um tesouro

No naufragar de um navio.

E remanescem as memórias sobre nós

Dentro daqueles que estiveram

Ao nosso lado nesta estrada.

Deixamos saudades e dor.

Lembrados até o fim de nossa geração.

Tornamo-nos lendas e cicatrizes

Para a nova prole da realidade.

E nos perdemos nos calendários e ponteiros.

Inexistimos para criar a existência

Da nova volta do relógio.

E se cumpre mais um ciclo

Da existência dos belos seres.

Da beleza da grotesca humanidade.

Ironic
Enviado por Ironic em 25/02/2010
Código do texto: T2107325
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