AMBIGUIDADES DE MULHER
Sou a mulher que chora
Aquela ri para esconder uma lágrima
Sou a que pinta a boca
Desejando-te toda hora
Sou aquela que deita na cama
E suspira pelo homem que ama
Sou a infalível
Que sempre ta sujeita a falhar
Sou o que não desejaria ser
Mesmo querendo ser
Sou a ironia da noite
A ambigüidade do dia
A princesa malvada
A bruxa boazinha
Sou a insuportável
Que te suporta
A historia, a personagem
A luta e a coragem
A mocinha que sabota
A vilã que te namora
A mulher que te adora
A que mente que odeia
A mulher amuleto
Que procura um talismã
Aquela que olha
E jura que não viu
Que mente para proteger
Que diz a verdade sem querer
Que ajuda a atrapalha
Quando ainda pensava em ajudar
Que comenta sem quer
Que não aceita fofocar
A menina que quer ser grande
A mulher que prefere o amante
Aquela que tem todas as respostas
Quando já não se tem mais perguntas
Que se entrega por inteiro
E ainda escreve o roteiro
Que enlouquece com seu perfume
Que bebe da porção do ciúme
Sou aquela perdida
A errada que estava certa
Sou de carne, sou de espírito
A futura mãe dos seus filhos
A gostosa que se acha feia
A insegurança que é segura
A bela acordada, que beija sapos
Que ainda acredita nas fadas dos contos
Aquela que ninguém manda
Mas é escrava das suas paixões
A traída fiel, a amante perfeita
Que sabe quando é hora de se fazer de freira
Que pinta sonhos e desenha quadros
A artista perfeita, a nora dos sonhos
Que é sensível, que é astuta
Que sabe ser dama, mas tem dons de puta
A ajuizada que perdeu o juízo
A sóbria que bebe
A doce, sempre gentil
Que pode te mandar para a puta que pariu.