[A Palavra Crua]
Se vais falar comigo,
usa pedras, cacos de vidro, pregos,
se for preciso, usa a toda dureza,
do laço de couro cru; porém,
a moleza, a macieza, o melado pegajoso,
daqueles que escondem o fundo,
eu não quero não!
Também, não sei, nunca soube
o que fazer com o sorriso;
por isto, guarda-o para ti.
Mostra-me a tua dura face,
essa que não oculta a alma!
Assim, quando nos dermos as costas,
por certo teremos um do outro
aquilo que melhor nos desnuda:
a palavra nua e crua!
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[Penas do Desterro, 09 de abril de 2001]
[excerto do meu Caderno 4]