Impossibilidade Sonora
Não faltariam motivos pra sorrir
Nem estrelas pra contar
Não restariam lágrimas
E não sobraria amor
Não haveria tédio
Não procuraria remédios
Nem precisaria fugir dessa disfunção auto degenerativa
Não seria visto em mim sombra desse sentimento redundante
Não escreveria tantos poemas sufocantes
Não teria eu um dia-a-dia tímido triste e trágico
Não abriria minha ferida Narcisistica
Nem fecharia meu corpo a novos prazeres
Não sofreria num cotidiano espelhadamente sádico
Não relutaria ante as vontades
Nem gaguejaria perante algumas verdades
Não saberia o que é sofrimento
Nem sonharia acordado
Com o rosto secado
O tempo levado
E alma lavada
Pelo vento
Não hesitaria em gritar por cidades
Não ocultariam num cesto os meus cinco sentidos
Não obscureceria meu sexto sentido
Não haveria o que há
Nem haveria o que já foi
Não haveria nada mais
Nada mais,
Só nós dois
Não faltaria
A voz que dá bom dia
Não faltariam
Músicas pra expandir alegria
Não restaria
Verso sem poesia
Nem poesia sem melodia
Não faltaria
Nada do que me faz bem
Não faltaria nada além
Se em minha rotina
Não faltasse você