MOI
MOI
carmen l. fossari
Queria contar os moinhos
De letras que escorrem
Do vento e da chuva
Que em tormenta habitam
Meu ser de estar a esmos
Olho a Lua crescente
Sou minguante
A escuridão da noite
Reveste a camada do dia
Sento a soletrar as nuvens
Sinto que a tempestade
Aproxima meu estar
Mas elas estão lá, brancas
E suaves, enquanto a terra gira
Formam as alvas nuvens
Tantas figuras
Um homem velho, agora um cordeiro
Agora nuvens parecendo nuvens
De brincar, só de brincar
Quebro o pensamento
Com a ausência que me avassala
Quisera o coração pulando
Dançando na palavra
Amor
Estática, só as sombras me enleiam
Que já nada sinto nem afeto, nem saudades
Nem desejo de voltar
Volteio na ausência d.eu
E um filete de luz tenta
Me encontrar
E nele deposito
A leveza de estar,
Estando ausente de eu mesma
Que sem o arroubo da paixão
Me perco em nada ser.
St. Etienne Fr. 2004