+O TEMPO DO CORPO E DA ROSA.

O TEMPO DO CORPO E DA ROSA.

Qual é o tempo que a rosa tem pra se abrir?

Qual é o tempo que a vida tem pra existir?

O caule segura folhas,

convive com espinhos e

que protegem a rosa dos daninhos...

O corpo sustenta sentidos

por onde a vida escorre e são mantidos.

À note vigiei o botão de rosa pra lhe ver desabrochando.

O olho nem pestanejou, mas a rosa nasceu e nem percebi!

Perfumou-se, adornou o jardim, mas e eu?

O tempo da rosa não é o meu?

Não vigio meu corpo,

nem monitoro sentidos:

há bocas para sabores e beijos para os amores;

há narizes para odores e perfumes para os amores;

há olhos para livrar abismos e olhares para os amores;

há ouvidos para livrar do grito e audição para os amores;

há tatos para contatos e sensibilidade para os amores.

Há roupas no armário cheirando guardado;

Há pétalas de rosas soltas no livro preferido,

disputando dores de amores com o tempo e com as naftalinas...

Diante do espelho, o tempo cobra:

do tempo, o sulco no rosto

do vento, o pranto aposto disposto pelos cabelos brancos,

do brado, o eco sem tempo dos amores perdidos

entre os tempos da rosa e do corpo...