O RESTO

“Aqui sob os epitáfios e as cruzes não há quase nada. Aqui não estarei eu. Estarão meu cabelo e minhas unhas, que não saberão que o resto morreu, e seguirão crescendo e serão pó”

(Jorge Luís Borges)

O resto sou eu

O pó é o resto do que pensei ser

O resto não alvorece e nem anoitece

Não ama e nem padece

O resto não cresce

A revelação é o não ser

E eternamente o não sentir

E nem saber

Esse desespero de perder-te a sintonia

Antecipa o pó dos meus sentidos

E de cada um desses segundos

Que vejo galopar sozinhos

Perdidos