Maldição I

Olha, contempla com orgulho,

A terra que te fará guerreiro.

Arroja teu grito de dor por nada,

Contra os vales que escondem corpos,

Contra a terra que engoliu a vergonha.

Teu reino não será menos sangrento,

Nem menos traiçoeiro teu trono,

Pois que servo de Deus pela espada,

Também é arauto do inferno, do maligno.

Em tua cabeça repousa a coroa,

E a intriga de tua esposa.

Com as garras para o rapinato,

E tua riqueza pela pilhagem,

Faz miserável o homem comum,

Faz faminto o filho de teu reino,

Pois teu poder é o da justiça,

Essa cega e desfrutável justiça.

Filho do homem, tu és o mercador.

Tu és o patrono da peste que se abate.

Saiba tu que por mil engenhos,

Es promotor do destino e da luta.

Tua efígie ferida de lança,

Guiará um povo equivocado ao abismo,

E de lá retornarão apenas,

Os leais servos da ingratidão.

Saiba que enquanto for tempo,

O peso de teus atos no coração,

Te fará indiferente, indecente.

Mas quando teu filho o ferir de morte ao peito,

E sangrares toda a podridão de teu veneno,

Aí sim perceberás que não fostes rei.

Fostes vassalo do instinto,

Que quer tornas deuses, os homens.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 05/08/2006
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