Maldição I
Olha, contempla com orgulho,
A terra que te fará guerreiro.
Arroja teu grito de dor por nada,
Contra os vales que escondem corpos,
Contra a terra que engoliu a vergonha.
Teu reino não será menos sangrento,
Nem menos traiçoeiro teu trono,
Pois que servo de Deus pela espada,
Também é arauto do inferno, do maligno.
Em tua cabeça repousa a coroa,
E a intriga de tua esposa.
Com as garras para o rapinato,
E tua riqueza pela pilhagem,
Faz miserável o homem comum,
Faz faminto o filho de teu reino,
Pois teu poder é o da justiça,
Essa cega e desfrutável justiça.
Filho do homem, tu és o mercador.
Tu és o patrono da peste que se abate.
Saiba tu que por mil engenhos,
Es promotor do destino e da luta.
Tua efígie ferida de lança,
Guiará um povo equivocado ao abismo,
E de lá retornarão apenas,
Os leais servos da ingratidão.
Saiba que enquanto for tempo,
O peso de teus atos no coração,
Te fará indiferente, indecente.
Mas quando teu filho o ferir de morte ao peito,
E sangrares toda a podridão de teu veneno,
Aí sim perceberás que não fostes rei.
Fostes vassalo do instinto,
Que quer tornas deuses, os homens.