POR TRÁS DAQUELA PORTA

Peguei de uma só vez toda voz poética

que dentro de mim ecoava

frenética...

Não as levei em cestos, tão pouco caixas

mas abraçadas em meu peito,

faixas.

Dei de debrucá-las em papéis

caídas, exaustas de mim

pincéis.

Mudas, tímidas ao calor do sol

onde antes cantarolavam,

rouxinol.

Agora as empurro, junto tudo

Cadê que não se mexem?

Mudo.

Amasso mais uma virgem folha

branca voz embargada,

bolha.

Escrava que sou desse louco ato:

traduzir o som em poema

nato.

Silêncio suspira só, na sala de espera

uma luz espreita a fresta

janela.

Abrem-se tons de loucas palavras

Espalho canetas, perco o olhar;

travas.

Poetizo e poemizo o nó das mãos

no pó que cobre escrivaninha

grãos.

Semeio a primeira bonita voz vinda de fora

Arrisco ouvir, sussurro. Escrevo aqui,

agora.

Diz assim: Invente horas verdes aveludadas,

aviste um vão feliz...tome o volante,

estradas.

Mas não vá prá longe dos olhos da alma,

Vê brotar seu choro; encabule o medo,

Calma!

Que todo caminho de ida, brinca por voltar.

Arrisque tudo...e tudo, acredite...tudo é

amar.

Mirea
Enviado por Mirea em 19/02/2010
Código do texto: T2094581