AMIGO OCULTO
Os teus peitos, pequetiticos,
ainda brincam de excitar minha boca,
mas teu coração não mais dispara.
Os teus olhos, porta-vozes,
querem fugir da cumplicidade de olhar
na mesma direção do brilho perdido.
A tua beleza, a mais sensível,
se surpreendeu com a ironia delicada
da negação cuidadosa ao dizer sim.
As tuas coxas, indisfarçáveis,
querem ainda a umidade da certeza
onde, sem pele, nos guardávamos.
Amiga,
podes chorar-me no passado
no endereço do tempo de estar feliz.
Amante,
podes retardar-me dos demais presentes
enquanto os relógios atrasam todas as datas.
Amada,
devolva-me a cumplicidade de todos os mistérios
para que eu possa morrer na certeza de viver-te amigo.