PRISÃO INJUSTA

Às vinte horas da noite

foi lavrada uma denúncia

com costumeira isenção,

o denunciante afirmava

que à noite não dormia

com uma farra danada!

e o pivô da orgia

uma viola ou violão.

No Bar das Pedras do Zé

encontro dos namorados

um tal de Jeremias

violeiro já afamado

cantava dentro do bar

bastante desafinado.

A denúncia foi lavrada

tomaram-se as providências

dois Agentes saíram

p’ra fazer a diligência

de longe ouviram algazarra

o fato se confirmara.

Com muito respeito chegaram

se apresentando primeiro

chamaram o dono da casa

intimaram o tal violeiro

informando seu delito

e sua viola levaram.

Chegando à Delegacia

narraram ao escrivão

instaurando o inquérito

inquirindo o tal violão

remetendo ao delegado

p’ra sua apreciação.

delegado inteligente

por Dr. Lobo chamado

analizando o histório

A diligência foi feita

com muita sabedoria

através de um convite

p’ra vir à Delegacia

que a denúncia era grave

viessem no mesmo dia.

O violeiro acanhado

respeitoso e previdente

na mesma hora em seu carro

de corpo se fez presente

acompanhado de amigos

professores e advogados.

Na Delegacia chegando

narraram toda verdade

o Delegado anotava

fazendo contrariedade

vendo certa malícia

esperteza sem maldade.

Reavaliado o inquérito

concluso e instaurado

com o instrumento do crime

para o Fórum foi mandado

à disposição da justiça

com todos os fatos narrados.

Encaminhado ao Juiz

com todo aparamento

que o processo exigia

cumprindo procedimento

devolvendo já assinado

às vistas à promotoria.

O promotor revendo tudo

como a justiça requer,

achando o caso absurdo

fez uma observação:

-- Tinha que ter mulher

Ao retornar ao Juiz

para o parecer final,

-- Deu uma de Salomão,

numa ordem interessante:

--Que intimassem urgente,

a esposa do denunciante.

No dia da audiência

foi uma tal correria

o Juiz perguntava a todos

se o violeiro conhecia,

o pivô de toda história

esse tal de Jeremias !...

Durante ao interrogatório

veio à tona a realidade:

--Dr. Eu sou a Dadinha,

esposa do Cornélio,

o principal denunciante.

--Jeremias é inocente,

Eu gosto Dele é verdade,

e sempre fui Dele amante.

O Juiz não suportava

os ares de autoridade,

suspendeu logo a sessão

e a todos ele gritava:

-- Devolva-se o violão,

ponha o Cornélio na grade !

Academico Geremias Alves

POETA GEREMIAS ALVES
Enviado por POETA GEREMIAS ALVES em 18/02/2010
Código do texto: T2093056