ADEUS ( de TÂNIA MENESES), UMA ADAPTAÇÃO DE FAREWELL (Poema de Pablo Neruda)

*Observação: esta que você lê em Língua Portuguesa é uma adaptação/recriação de Tânia Meneses

1

Do mais íntimo do teu ser, e de joelhos,

Um menino triste como eu e seu olhar de espelhos.

Pela vida a inflamar suas veias

Entrelaçando fios da mesma teia.

Essas mãos, das tuas mãos nascidas,

Destruiriam impiedosamente minhas mãos sofridas.

Através dos olhos desse menino, abertos na terra fria,

Verei nos teus olhos lágrimas um dia.

2

Eu não o quero mais, Amada.

Evitemos algo que nos prenda

Ou nos perturbe a senda.

Não a palavra em teus lábios perfumada

Nem o que as palavras significam. Nada.

Nem o festival de amor nós desfrutamos

Sequer unidos na janela soluçamos.

3

(Amo o amor dos marinheiros

Que beijam e se vão, ligeiros.

Deixam uma promessa no cais

E não retornam, jamais!

Em cada porto uma mulher espera

Beijos marinheiros de quimera.

Em alguma noite marinheiros dormirão da morte ao lado,

No leito do oceano encapelado.

4

Amo o amor em beijos, leite e pão compartilhado

E que docemente coloca um do outro ao lado.

Amor, quiçá, eterno arqueiro

Ou Amor efêmero, sutil, passageiro.

Amor que se deseja livre, alado,

Para novamente sentir-se apaixonado.

Amor, deus de fulgor surgindo.

Amor, enfastiado deus fugindo.

5

Então os meus dos teus olhos perderão o encanto,

A minha dor não se condoerá do teu pranto.

Mas carregarei teu olhar por onde for

E tu, por onde andares, arrastarás a minha dor.

Sim, fui teu, tu foste minha. E de outro serás também.

Dele que em ti colherá todo o meu querer bem.

Agora vou. Estou triste: triste sempre estou.

Saio dos teus braços sem saber aonde vou.

... Do teu coração me disse adeus um menino.

E é adeus que te digo em desatino.