Elegia suburbana Nº 2
Cá dentro,
um pouco acabrunhado, não sei se triste,
contemplo na moldura da janela a tardezinha do meu subúrbio.
Ali fora, um enxame de pipas existindo perigosamente entre fios e antenas de tevê, parecem exclamar, exasperadas:
A vida é breve! a vida é breve! e é preciso se arriscar!
Voai, ó gente triste das janelas!
Voai, que a vida é frágil, a vida é frágil como seda!
Vista-te com as melhores cores que possui,
Vermelhas, azuis ou amarelas, não importa!
A minha pele é de seda, mas é dela que tiro a leveza pra voar...
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