O soldado e o menino
Um brilho de esperança
Pousa nos olhos da criança
Que brinca no meio de escombros
E grita escutando estrondos
Não percebe a pólvora sufocando o ar
Nem um vulto que se aproxima devagar
O vulto enxerga imagens desconexas
Sombras de emoções diversas
Seu dedo busca o gatilho
E sua arma cospe tiros
Que rasgam a gengiva da boca da morte
E tece outro manto de fúnebre sorte
Um brilho de esperança adormece
Engolido por um tiro o grito emudece
Cai entre escombros o corpo franzino
Uma flor escarlate brota na testa do menino
Olhos soltam pedaços de emoções amordaçadas
Emitem agonizantes urros de dores dilaceradas
Enxergam no corpo inerte a figura do filho
E o dedo aperta automaticamente o gatilho
Pela última vez um projétil voa no espaço
Atravessa o cérebro com seu estilhaço
Cai o corpo junto ao corpo do menino
Sela-se na guerra outro cruel destino