VISITA AO TORRÃO NATAL.

Nasci nas Alagoas, município de Santana do Ipanema,

Numa casa de barro, ladeada por cacto, e de chão batido.

Mamãe era da raça negra, pobrezinha, porém valeu a pena,

Mas por ter sido abandonada, nunca mais quis ter marido.

Em 1953 saímos; retornamos em mar/1996, ao torrão,

Embarcamos em Londrina, fomos de avião, mãe e filho,

Ficamos 15 dias lá no mesmo Sítio Pintado, bonitão,

Falei das coisas do nordeste, das do sul fui inquirido.

Santana dista 35 (210 km) léguas da capital Maceió, e,

São somente 10 léguas de verdes, ainda na orla do mar.

Depois é só sertão, bonitos coqueirais, que dá dó,

Duvido que algum sertanejo não tenha a quem amar.

Povo hospitaleiro, ordeiro e temente a Deus, então,

Pediram-me e li o Evangelho, na Comunidade de Base.

Expliquei-lhes que só a Jesus Cristo devemos genuflexão,

E ao padre Cícero tão somente o sinal da cruz, amabilidade.

Parentes de poucos recursos, no sítio ficou o tio Manezinho,

Porque na cidade, à Rua São Paulo, a muito reside tio Natalício.

Mas, comemos muita galinha de capoeira, preá e teusinho,

Muito cuscuz com leite, carne de sol, umbuzada e peixe frito.

Após o regresso ao Paraná, em Jandaia do Sul, nosso lar,

A Vó queria em dez dias retornar, também pudera, de avião.

Disse-lhe que no próximo ano, se nada tiver pra atrapalhar,

Dívida com a coitadinha, falecida em 2000; a viagem, não.

Autor: Ponga, e-mail: adionesgsilva@pop.com.br, tel.: 43-3432-8613-Jandaia do Sul - PR

Membro da Sociedade dos Poetas Jandaienses – SPJ, Março/2006/doc.020