Miragem do tempo
“Mantendo um limiar / que é o limiar de proximidade até corpo / o limiar do mundo ou seu fim / seu fim mais literal, o limiar / o máximo que posso respirar / ou dar de mim, a ti, me doar / o máximo de mim...” (Alex de Andrade)
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Ninguém conhece a dor
de esse meu antigo olhar,
refletido nos dorsos insanos
dos meus antigos danos.
Ao longe, reflito-me!
És a estátua da minha antiga dor
Vestida pelo avesso da poeira do tempo,
agasalhada no vento brando do esquecimento.
Ao teu lado, cogito-me!
És a esfinge marcada pelos derradeiros beijos:
marcas de meus sofridos desejos
na ânsia de mim, a ti, perpetuar-me...
À tua distância, repito-me!
Estátua e esfinge que afligem minha alma:
frieza de antigas e tenebrosas calmas
por não saber, na tua ausência, perdoar-me...
Hoje, apenas miro lembranças
de tristes olhares na miragem do tempo!!!
Ao meu lado, existo-me!