Meu poema não sabe ser poema
Meu poema não sabe ler, nem escrever
É um analfabeto de pai e mãe
É tão brega que chega a constranger
É tão chato que chega a dar sono
É tão inútil, que acho que nem devia existir.
Meu poema é desalinhado, sem classe!
Anda por aí todo torto e desmazelado
Não sabe combinar calça, camisa e sapato
Nasceu assim: sem medo do óbvio, do ridículo!
Nasceu sem rima e sem ritmo
Nasceu com os dois pés esquerdos
Um poema que não sabe sambar.
Meu poema é desafinado, sem ginga!
É mais desengonçado que gringo no carnaval
É um poema meio bêbado, escandaloso!
Anda por aí falando alto, e tirando a roupa.
Não sabe ser simpático, agradável e sorridente
Meu poema é mesmo um mala.
Meu poema não nasceu pra ser lido
Nunca será rimado e educado
Nunca será sequer publicado
Meu poema será só um sonho de se tornar poema.
Thiago Cardoso Sepriano