RUA QUATRO
Mesquita,
bairro de que não me lembro
alguém de Realengo
me avizinhava em Nova Iguaçu
Onde então eu morava
dormia na beirada da casa
e acordava na cama
Perguntei a moça
se alguém me ama
e brincamos de marido e mulher
O céu do dia onze de dezembro
Da escola, lembro,
que voltava correndo
e algo estranho sendo
anunciado aos ventos
mudando a humanidade...
Eu nada entendia,
só o que permitiam
meus onze anos de idade
Desdita coisa pelo ar
numa escada da rua quatro
Andando descalço ou de chinelo
nada é igual a zero
e há coisas sem igual
O prédio triunfal do brizolão
nem me parecia bonito
como não me parece
mas quem pensa e cresce
e sente fresco o chão de concreto
lembra com saudade.