O lado concreto das ilusões
São tão abstratos os caminhos
Que estou tentando reescrever as paisagens
Estou reconstruindo o cotidiano dos meus olhos
E avaliando o peso das ausências
Que num futuro bem próximo
Poderão estar presentes no meu dia-a-dia
Portanto, melhor não esquecer e nem distorcer os fatos
Porque eles fazem parte desse todo
Melhor não subtrair dos poemas a palavra pedágio
Porque esta sim, define o valor e o tempo pela busca inalterada
Apenas redobro a atenção e observo com cuidado os atalhos
Para que eu possa dar um rumo a esse norte tão sem norte
Mesmo que mais adiante ele retorne novamente sem sentido
Porque o quase, apesar de quase sempre
Não merece realmente ser em vão
Pois há de se respeitar os reflexos do espelho
Já que nele uma das margens se abriu
E explícita, precipitou-se de tons azuis
Enquanto que a outra reflexiva
Refletiu-se nas imagens de seus sonhos mais reais
Por isso a ilusão se foi, conscientemente
Deixando um legado incomparável de aprendizados
E um sem fim de eternos sentimentos
Sendo assim, adormeço nos braços desse tal de anseio
Que agora quase sem anseios
Apenas acaricia, meio que sem jeito
Os próprios seios da ilusão
Assim, observando e absorvendo do tempo
Esse tempo que sem tempo, fez o tempo não voltar
Só resta agora compreender e aceitar a realidade
Colando com muita calma os estilhaços da alma
No leito onde se forjaram as utopias de ontem
Assim, lentamente, fragmento por fragmento
Com todo o carinho e a ternura
Que há também de permanecer
Na menina dos meus olhos