Assim seja
"La lecture ne releve pas de l'organisation du temps social, elle est, comme l'amour, une maniere d'etre".(Pennac)
Então, leio e espero…
Passei a manhã nessa espera -
Veio a tarde e não te trouxe
mas, vieram os bem-te-vis e a brisa,
veio o silêncio morno e atrevido
do sol pulando a janela.
Mesmo assim você não veio.
Ai de quem me acha triste!
Invento, minto...
Posso dizer de tristezas, escuridões
e ser alegre:
sou exilada de mim...
E veio a noite,
perfumada de jasmins de cabo
grilos cantores e rendas de luz
desenhadas no espaço...
Nenhuma hora te trouxe!
Se eu pudesse elastecer o tempo?
Repetiriam-se os trinados, céus azuis,
flores desabrochadas, descobertas extasiantes
dos escritos de alguém...
Amanhã será assim, senão depois ou depois
Os livros, as melodias estão no canto da sala;
Elastecer o tempo
também elastece a espera,
faz crescer mais as asas da solidão
a descompreensão das escolhas
faz doer o corpo na secura verde do não
Não te encontro nos livros
nas pautas das sinfonias,
nas telas, nos papéis sobre a mesa,
lugares em que você fatalmente não está.
Então espero, como ontem
e mesmo assim, você não vem,
Amém.
Ilustração: Paula Baggio
Lápis aquarelado sobre papel Canson
20x30
"La lecture ne releve pas de l'organisation du temps social, elle est, comme l'amour, une maniere d'etre".(Pennac)
Então, leio e espero…
Passei a manhã nessa espera -
Veio a tarde e não te trouxe
mas, vieram os bem-te-vis e a brisa,
veio o silêncio morno e atrevido
do sol pulando a janela.
Mesmo assim você não veio.
Ai de quem me acha triste!
Invento, minto...
Posso dizer de tristezas, escuridões
e ser alegre:
sou exilada de mim...
E veio a noite,
perfumada de jasmins de cabo
grilos cantores e rendas de luz
desenhadas no espaço...
Nenhuma hora te trouxe!
Se eu pudesse elastecer o tempo?
Repetiriam-se os trinados, céus azuis,
flores desabrochadas, descobertas extasiantes
dos escritos de alguém...
Amanhã será assim, senão depois ou depois
Os livros, as melodias estão no canto da sala;
Elastecer o tempo
também elastece a espera,
faz crescer mais as asas da solidão
a descompreensão das escolhas
faz doer o corpo na secura verde do não
Não te encontro nos livros
nas pautas das sinfonias,
nas telas, nos papéis sobre a mesa,
lugares em que você fatalmente não está.
Então espero, como ontem
e mesmo assim, você não vem,
Amém.
Ilustração: Paula Baggio
Lápis aquarelado sobre papel Canson
20x30