Chegou
Chegou minha vez de gritar forte.
Gritar ao mundo que quero viver
num planeta pacífico, onde o amor
reine acima de todos os pretextos.
Gritar ao transeunte moribundo
que se levante e reconstrua
uma vida calcada
na dedicação à existência alheia.
Gritar nos ouvidos burocratas
que a vida é mais simples
do que pilhas de papéis
assinadas e por assinar.
Gritar ao amigo distante
que o amo e que quero,
a todo custo, encurtar a separação.
Gritar á minha amada
que quero torná-la feliz.
E depois, murmurar a mim mesmo
que não adianta ficar gritando
se eu não sair por aí
pondo em prática meus berros demagógicos.