DEPOIS DO CARNAVAL
Quando só restarem as cinzas de todo
o calor dessa gente.
Quando o confetes e serpentinas não
Passarem de lixo para o magnífico bloco
Dos garís e suas vassouras estandartes,
Varrerem com toda a sua graça e ginga.
Depois de todo essse "Carne Vale"
Que toma os dias, essas ruas e selva
De pedra, eu falo com você.
Depois desses três dias de chuva,
Da bossa nova do Zezé e a mulata raligale
Com seus esplendores a me ofuscar.
Depois da última escola a desfilar e de Madureira
Chorar!
Eu lembro de você!
Pois agora eu só quero esquecer!
Esquecer que tenho uma guerra pra lutar,
Um político para acreditar e um amor
Não correspondido a se extraviar!
Quero fingir me misturando a essas fantasias,
Que sou feliz e tenho samba em meu pé calejado.
Fingir utilizando máscaras de tragédias ou comédias
Gregas que nunca assiti, mas sei que já vivi.
Fingir que sou poeta com uma pluma desse paetê,
E que Posso reescrever o enrendo da vida para os tantos
Dias do ano que ainda restam.
Depois do resultado e da vitória do meu samba,
Depois de devolver a chave para Momo, e roubar
Um beijo de sua Rainha.
Depois dessa festa pagã, do povo e do condor
Como suas plumas.
Eu amarei você e seremos felizes em nosso coreto,
Em nosso sonho.
Desfilando numa avenida engarrafada, dançando
Num salão vazio e fantasiando os problemas
Da vida de solução.
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